sexta-feira, 24 de abril de 2009

*O não-você*




"Eu só queria saber de uma coisa, em que porra de mundo eu vou ter que ir pra não respirar uma molécula, ao menos, de não-você?! Pra onde eu vou ter que fugir, que lugares eu vou ter que frequentar, até quando eu vou ter que ficar sem respirar? Não existe nada de não-você aqui, eu posso fazer a coisa mais apaixonada do mundo ou a coisa mais escrota do mundo, eu lembro de você, respiro você, canto você, me derreto e as vezes até choro por você. Descobri que por mais que o tempo passe isso não vai mudar, eu vou continuar te amando e chorando por você.
E sabe, acho que eu desisto de viver algo que não seja você, porque eu posso ir pra esquina, ou pro Himalaia, que você vai comigo, posso fica na fila do pão ou ir pra um monge budista, posso baladiar ou meditar o dia inteiro, lá está você latejando dentro de mim, está lá você se mostrando vivo pra tudo o que eu olho, vejo, sinto e faço. E eu fico imaginando o que eu vou fazer quando te ver enlaçando seus dedos em outros dedos, ver você segurando outra cintura que não seja a minha, ver que seus olhos azuis estão longe de mim e tão perto de qualquer outra coisa "não-eu".
O que me resta fazer? Fazer figas e rezar pra que a nossa história que de tão torta se encontre, e a gente rir das intemperâncias do destino. O problema é que eu não sei se nossa história vai virar filme desses recordes de bilheterias ou se vai virar uma dessas novelas mexicanas. Mas se eu pudesse mesmo escolher, nossa história viraria uma dessas comuns, de casa, filhos, sítio no final de semana e um jantarzinho de vez em quando só nosso.
Enquano isso não acontece, só me resta viver esse não-você tão gritantemente vivo dentro de mim. Quando eu estou me arrumando pra sair, é você que logo aparece na porta pra não me deixar usar aquela calça justa, e então eu logo tiro. Quando eu dou uma daquelas risadas gostosas, é você que logo aparece em meus pensando contando suas piadas e me matando de felicidade. Quando eu passo meu perfume, é em você que eu penso, porque mais ninguém poderia chegar tão perto pra sentir meu cheiro, e como eu sei que você está longe eu desisto de passar. Porque quando eu choro, é na sua não-presença que eu lembro, e sei lá porque isso me conforta apesar de parecer tão contraditório. É esse não-você que me faz ter pena de todas as outras pessoas que entrarão na minha vida, porque eu sei, bem aqui dentro de mim, que por mais que se comportem de forma especial, por mais que me amem, que me mimem, que me idolatrem, eu jamais vou conseguir dar o carinho necessário para, e eu juro que dessa vez eu vou ser sincera ao dizer à elas: "heeey, o problema não é você", porque realmente não vai ser, a culpa toda vai ser do não-você aqui, porque você pode até arrumar suas malas e ir pra Veneza com sua próxima namorada, mas você vai permanecer dentro de mim, e isso não vai dar espaço pra mais ninguém, pelo menos não da mesma forma, porque você é espaçoso, grande e não quer saber de pedacinhos pequeno do meu coração, você me quer inteira, assim como eu também te quero inteiro, mas as coisas nem sempre funcionam assim, e podem proibir, podem falar, podem chamar a polícia, eu não vou deixar de amar você!
E você sempre vai estar comigo.
Pra sempre e sempre.

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