domingo, 26 de julho de 2009

meu querido cavalo xucro...




"Ele não é o tipo de homem que eu amaria, não, definitivamente não. Apesar de toda sua preocupação e atenção comigo, sei lá, talvez seja o jeito dele de ser, simplesmente assim. Mas amar, não, não o amaria.
A blusa de frio dele fica enorme em mim, mas eu nem ligo porque me esquenta. Ele segura a minha mão para esquentá-la enquanto o cappucino não chega, conversa comigo e olha nos meus olhos e eu dou risada porque mesmo meio bêbada e vendo a cafeteria rodar levemente, eu senti gosto de estar viva às 5horas da manhã de um sábado falido depois de ter descoberto que estamos rodiados de terráquios mesquinhos e sacanas. Mas amá-lo, não, definitivamente não.
Ele não é um daqueles moleques que eu estou acostumada, ele é Homem, assim com H maiúsculo. Organizado, bonito, charmoso, um educado que me deu o carinho na hora certa. Abre a porta do carro, paga a conta e tem uma vida super interessante. Ele tem o dom de colecionar amigos e é admirável isso nele, e sem contar que, meu Deus, como é cheiroso. Mas não, eu sei que não o amaria.
Sei lá, eu lembro que falei pra ele que não gostava de pessoas tão largadas, e ele rio e disse que adora sair de tenis e moleton. Mas isso nem seria um problema. Eu não o amaria e ponto. E não quero amá-lo, talvez queira sair, dar risadas, ter aquelas conversas cabeças de pessoas intelectualmente bêbadas às 5 horas da manhã em uma cafeteria, talvez até queira beijá-lo, mas não, amar não, me apaixonar não.
Chega sabe, cansei de conhecer príncipes que se transfomaram em cavalos, e nem são dos brancos, são daqueles xucros que depois desligam o telefone na sua cara ou daqueles que pensam que somos tão otárias quanto eles.
Então pra encurtar logo todas essas espectativas, não me ligue hoje se resolver fazer algo, tá? Não fale nada sobre o que achou de mim para nossos amigos a fim de que isso chegue em mim como um telefone sem fio, não abra mais a porta do carro, não pague mais a conta, me deixe tremendo de frio. Não olhe mais nos meus olhos quando estiver falando comigo e nem fique mal dizendo os otários que me perderam. Porque eu não vou amá-lo, simplemente não vou, e não vou porque eu não quero ter que te transformar em um cavalo xucro mais tarde"

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